Tela do óculos distrai usuário do mundo ao redor, mesmo com mãos livres, diz pesquisador
Foto: Reprodução Especialistas em Psicologia têm questionado a segurança de uso do Google Glass. No The New York Times ,
Christopher F. Chabris, professor da universidade Union College, nos
Estados Unidos, aponta que o óculos inteligente do gigante de buscas
pode distrair o usuário e fazê-lo não ver o "óbvio ululante". O argumento do Google quanto à segurança do gadget de vestir (ou wearable gadget)
é que em vez de andar olhando para baixo, enquanto usa o smartphone, o
Glass permite que as pessoas tenham as mãos livres. Mas o artigo de
Chabris no jornal americano contrapõe que a possibilidade de usar as
mãos para outra atividade não significa que o cérebro consiga dividir a
atenção em quantas ações se queria. "O Google Glass pode permitir que as pessoas façam coisas incríveis, mas
ele não elimina os limites da capacidade humana de prestar atenção",
resume o professor de Psicologia. Ele diz que intuitivamente as pessoas
sabem que, ao voltante por exemplo, não devem desviar o olhar por mais
do que dois segundos, mas que perdem a noção do tempo quando estão
interagindo, seja em conversas ou olhando o smartphone.
Foto: Agaton Strom/Poptech / Wikimedia
Segundo pesquisas conduzidas nos EUA, continua Chabris,
ao mandar mensagens as pessoas se distraem por em média 4,6 segundos.
Além disso, testes mostraram que a ideia de que alterações no campo de
visão chama a atenção não é tão real: participantes dos estudos não
percebiam um homem vestido de gorila mesmo quando olhavam diretamente
para a figura - o pesquisador é autor do livro O gorila invisível: como nossas intuições nos enganam .
"O fenômeno da 'cegueira sem intenção' mostra que o que
vemos não depende somente do objeto para o qual estamos olhando, mas
também em como focamos nossa atenção", explica. Por isso, segundo o
professor, não basta apenas deixar as mãos livres para aumentar a
segurança de usar o smartphone simultaneamente a outras atividades. "A
percepção requer tanto os olhos quanto a mente, e se a mente está
ocupada, se pode deixar de ver o óbvio ululante."
"As intuições sobre a atenção levam a pressupostos
errados sobre como provavelmente vamos enxergar; estamos especialmente
mal preparados para como a nossa atenção pode ser completamente
absorvida com a disponibilidade contínua de uma informação
potencialmente útil", conclui o professor.
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