terça-feira, 27 de agosto de 2013



Muitas coisas ainda precisam ser desenvolvidas para o inevitável voo tripulado da NASA para Marte. No entanto, um dos principais desafios continua sendo um dos mais elusivos: como os astronautas vão viver seis meses em uma nave espacial sem ficarem loucos? Eles vão dormindo, é claro.
Na última década, cientistas exploraram várias maneiras de fazer com que os astronautas hibernem no caminho até Marte. Isso é mais ou menos como dormir no banco de trás do carro do seu pai enquanto vocês vão até a casa da sua avó, mas multiplicado por mil. Um longo sono como esse tem suas complicações, claro. Para começar, você precisa manter os astronautas alimentados e hidratados durante o trajeto. Você também precisa, de alguma forma, evitar que os músculos deles atrofiem e impedir perda óssea devido a um período extenso em um ambiente sem gravidade. (Veja este gráfico interativo da NASA para descobrir outros efeitos que a exploração espacial pode ter no corpo dos astronautas).
Os benefícios da hibernação são inegáveis. Os astronautas ainda precisariam de suprimentos, mas não tanto como precisariam caso estivessem acordados. Outro benefício vem da blindagem de radiação. Como os astronautas ficariam o tempo inteiro em uma área pequena, não seria necessário equipar a nave inteira contra radiação. E, finalmente, existem muitos benefícios psicológicos de deixar os astronautas dormirem durante a longa viagem em vez deles lerem algo no Kindle ou qualquer outra coisa para combater o tédio no espaço.
Está bem claro que colocar os astronautas em estado de hibernação beneficiaria a viagem. O que não está claro, porém, é como fazer isso. Os cientistas têm algumas ideias.

Abaixe a temperatura do corpo deles

Uma das ideias preferidas da NASA envolve induzir a um estado de hipotermia terapêutica. Em outras palavras, eles querem diminuir a temperatura do corpo dos astronautas para eles consumirem menos energia. O Space.com falou com John Bradford, que está trabalhando na questão da hibernação, sobre os benefícios, e Bradford explicou que para cada grau a menos na temperatura do corpo, o metabolismo cai cerca de 5 a 7%. Pesquisadores esperam chegar a uma queda de 10 graus, o que levaria a uma redução de 50% a 70% da taxa de metabolismo.
“Não vamos congelar ninguém”, explicou Bradford. “Não é uma criopreservação; é algo mais próximo a hibernação. Eles vão continuar respirando, precisarão de alimentação.” O processo é chamado hibernação hipotérmica. O estado de coma vai ser induzido ao diminuir a temperatura da nave e, assim, a do corpo dos astronautas também. Eles ainda teriam vida – seriam ligados a máquinas para respirar.
Não parece muito confortável, mas é totalmente possível. O recorde atual de manter um humano em uma hibernação hipotérmica induzida é de dez dias. A NASA precisaria aumentar isso para seis a nove meses, a quantidade de tempo necessária para a viagem até Marte, ou planejar o despertar dos astronautas e uma forma deles dormirem novamente.

Encha-os de drogas

Há alguns anos, quando os cientistas começaram a explorar a possibilidade da hibernação no espaço, eles se concentraram em drogas que poderiam induzir a um estado de sono. Uma delas é conhecida como DADLE e teve bons resultados em testes em laboratórios. Cientistas conseguiram fazer esquilos dormirem com a droga durante os meses do verão, por exemplo, e não encontraram nenhum efeito colateral quando eles acordaram.
Mas usar essas drogas em humanos é um pouco mais complicado, já que o corpo humano é mais complicado, mas cientistas estão confiantes com os resultados do DADLE. “A molécula DADLE é parecida com outras que temos no cérebro humano e lembra uma das proteínas ativadoras da hibernação em hibernadores,” explicou o professor Marco Biggiogera alguns anos atrás em nome da Agência Espacial Europeia. “Ela pode reduzir a energia exigida pelas células, seja isoladas em culturas ou presentes em outros animais ou organismos.”

Cruze os dedos

Obviamente, nenhuma dessas técnicas de hibernação está livre de riscos. Mesmo em um estado de hibernação reduzida, há uma possibilidade dos astronautas experienciarem perdas ósseas e atrofia muscular. Uma das formas dos pesquisadores tentarem resolver isso seria com uma espécie de centrífuga tirada de 2001: Uma Odisseia no Espaço que giraria lentamente, criando uma pequena força gravitacional. Se girar devagar demais, não vai ter o efeito desejado. Isso é complicado. Se for rápido demais, vai fazer os astronautas ficarem enjoados. Imagine acordar de um sono de seis meses coberto com vômito de seis meses atrás. Não é legal.
Independentemente do que eles decidirem fazer, parece cada vez mais provável que a hibernação será o método escolhido. Sem ela, a tecnologia atual só permitiria que quatro a seis pessoas viagem para Marte em uma enorme nave espacial. Mas, se eles forem espremidos em um quarto pequeno, pode ser que até 10 ou 20 astronautas hibernem rumo ao planeta vermelho. A única coisa que precisaria ser observada é o caminho de asteroides ou possíveis problemas de motor. A milhões de quilômetros de distância da Terra, uma nave cheia de astronautas sonolentos no comando pode ser algo bastante perigoso.

Fonte: Gizmodo

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