segunda-feira, 12 de agosto de 2013

No seriado americano CSI é possível ver peritos esclarecendo crimes através de ferramentas forenses, técnicas de investigação e muita ação nas ruas. Logicamente, no seriado temos uma grande pitada de sensacionalismo dramático com as investigações de homicídio que nada se parecem com os processos de investigação de crimes eletrônicos realizados aqui no Brasil.

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Entretanto, o ato da investigação e da busca permanente de evidências utilizando-se de ferramentas forenses já não são exclusividades dos seriados estrangeiros. O perito judicial, quando se depara com uma lida processual em que precisa responder aos quesitos (perguntas) das partes e do juízo, necessita de conhecimento técnico para realizar o seu trabalho de perícia e já dispõe de vários softwares forenses para realizar o seu trabalho.

Não basta ler um livro específico de computação forense ou realizar um curso específico de algumas horas se o futuro perito não tiver uma base educacional em tecnologia. O que percebemos no judiciário é que há uma enxurrada de laudos periciais sendo contestados por bons advogados que, com a ajuda de verdadeiros assistentes de perito e formados em tecnologia, conseguem neutralizar um trabalho investigatório em favor do seu cliente utilizando meramente os conhecimentos de tecnologia para respaldar os argumentos que derrubam um laudo pericial.

Os peritos nomeados pelo juízo, nesses laudos periciais contestados e muitos até anulados, são pessoas de “confiança” do juízo mas sem o preparo técnico para tal. São administradores de empresas, engenheiros civis e outros profissionais de diversas áreas que só participaram no processo como perito, pois fizeram em algum momento de suas vidas uma especialização em tecnologia que, a princípio, daria um respaldo técnico.

Contudo, sabemos que muitos peritos judiciais são indicados para realizar um laudo pericial devido a aproximação com o titular do Fórum, da Comarca e do próprio Tribunal. Precisamos levar em conta que esse tipo de atitude só afasta os bons peritos que poderiam dar uma melhor contribuição ao judiciário, trazendo repostas fundadas e esclarecedoras para auxiliar na decisão final de uma sentença no processo.

Ainda assim, mesmo que o profissional de TI tenha uma qualificação especial para proporcionar um cadastro inicial no fórum como perito judicial, temos que lembrar que a frequência de nomeação como perito nos processos não é de intensa ocorrência. Resumindo: dependendo da comarca, mesmo que você esteja devidamente qualificado para se tornar um perito judicial, pode ser que seja nomeado umas três vezes no ano para auxiliar o judiciário com os préstimos de seu conhecimento forense. E quando é nomeado!

Dependendo da esfera que pretenda “encarar” o exercício da computação forense, como a justiça trabalhista, os honorários possuem uma referência mediana e o valor máximo pago por cada perícia realizada para o Judiciário pode não ser atraente para o candidato. Em determinados Estados da federação, é lastimável o valor irrisório que é pago para realizar um laudo pericial. Ainda pior é o momento de receber: ao final do processo, quando recebe.

O Mercado está aquecendo para a computação forense mas a demanda de cursos pelo Brasil ainda é tímida. Não existe um número expressivo de cursos de pós-graduação em computação forense. Alguns cursos divulgam uma oportunidade para se especializar mas quando se analisa a ementa e a grade curricular, muita matéria é de segurança da informação e poucas são realmente de computação forense.

Não estou aqui desiludindo ninguém a não querer trabalhar como perito forense ou com a computação forense, mas veja as possibilidades ao seu redor antes de abandonar um real emprego no momento para decidir querer viver de renda do trabalho de perito forense.

Sugiro realizar atividades e serviços de conhecimento forense de forma particular, através de consultorias nas empresas ou até mesmo atuando como assistente de perito que é pago pelas partes para acompanhar o trabalho do perito judicial. Nesse caso, o pagamento do assistente é mais tranquilo e certo de se receber com menor tempo de espera.

A computação forense tem o seu “glamour” devido ao desconhecimento da mesma por grande parte dos profissionais de TI. Entretanto, temos que ter pés no chão e encarar o trabalho de um perito forense como qualquer trabalho honesto e duro de se executar.

Quem sabe não teremos no futuro bons investigadores forenses dominando o judiciário Brasileiro?

Até a próxima!

Créditos:

Roney Médice: Coordenador de Segurança da Informação do Terminal Retroportuário Hiper Export S/A, no Porto de Vitória, com mais de 13 anos de experiência na área. Consultor de Segurança da Informação do Grupo Otto Andrade. Perito em Computação Forense. Membro Fundador do CSA - Cloud Security Alliance, Membro do Comitê ABNT/CB-21 em Segurança da Informação, Presidente da APECOMFES - Associação de Peritos em Computação Forense do Espírito Santo. Presidente da Comissão de Desenvolvimento do ISSA Brasil nas regiões Sudeste/Centro-Oeste. Graduado em Ciência da Computação, Direito e MBA em Gestão de Segurança da Informação.

Referência: Profissionais TI

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