sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A internet perdeu sua inocência. O alcance das atividades ilegais no ciberespaço é tão vasto que se as empresas e indivíduos não tomarem medidas de segurança em relação às suas vidas e operações, podem se arrepender, e muito. E 2013 foi um ano crucial em termos da abrangência e engenhosidade daqueles que lançaram ataques às redes ao redor do mundo.

As inovações continuam a alterar nosso ambiente digital a uma velocidade inimaginável e, como todos os empreendedores, os criminosos, espiões e os chamados “hacktivistas” também querem explorar as mudanças na arquitetura da internet ‒ e no nosso comportamento ‒ em benefício próprio.

O problema é que não são só ladrões. Nos últimos dez anos, elementos públicos ou não ‒ agências de inteligência, grupos terroristas e operações cibermilitares, para citar só alguns ‒ se engajaram em práticas no mínimo duvidosas. Se ainda não tivéssemos nos apercebido do fato, as revelações de Edward J. Snowden sobre a Agência de Segurança Nacional teria deixado tudo bem claro.

Quem trabalha no setor de cibersegurança e está tentando proteger o público enfrenta um problema enorme: descobrir exatamente quem são os criminosos quando ocorre um ataque. Acontece que os marginais aprendem com os hacktivistas; agentes de ciberinteligência recebem dicas dos delinquentes e, por trás disso tudo, há estrategistas militares testando as defesas dos inimigos em potencial ‒ ou seja, o mundo virtual está lotado de subterfúgios, malware e muita enganação.

 Eles se engajam nesse tipo de atividade na web de superfície, a parte da internet que você e eu podemos ver ‒ ou, mais especificamente, aqueles sites que são listados por mecanismos de busca como Google ou Bing. Entretanto, os hackers, ciberpoliciais e criminosos também fazem uso do mundo ainda mais estranho da chamada Deep Web. Ela é centenas, talvez milhares de vezes maior e apenas uma porcentagem pequena, mas significativa, utilizada como esconderijo de redes escusas. Isso porque há lugares em que os usuários podem trocar arquivos e informações praticamente inalcançáveis a quem não tiver acesso. Na verdade, a grande maioria nem sabe que ela existe.

A existência de sistemas tão complexos de comunicação além da web de superfície faz com que seja até difícil imaginar exatamente o que acontece no mundo do cibercrime. Ele é dividido basicamente em três áreas de atividades: criminal; comercial e de espionagem política e guerra cibernética e sabotagem. É difícil, mesmo para autoridades e analistas, saber onde uma termina e começa a outra.

O crime mais comum é o da fraude de cartões de débito e crédito, que envolve grandes volumes e baixo impacto ‒ e apesar de algumas histórias de terror, o delito permanece num nível administrável tanto para as operadoras como para o consumidor.

Alguns dos números fornecidos por políticos, autoridades policiais e agências de inteligência em relação aos danos causados pelos crimes cibernéticos são muito exagerados. A McAfee anunciou em meados deste ano que as perdas apenas nos EUA poderiam chegar a US$ 120 bilhões.

Em contrapartida, graças a Gartner, uma firma de pesquisa e consultoria, temos uma ideia muito mais definida de quanto estamos gastando com a cibersegurança. Em 2013, os gastos globais com proteção chegarão a US$ 67 bilhões e até o final da década deve exceder a marca dos US$ 100 bilhões.

 O grande divisor de águas deste ano, porém, não foram os custos, mas as informações vazadas por Snowden sobre a extensão das atividades de espionagem digital da NSA, principalmente em conjunto com o parceiro britânico, o Quartel General das Comunicações do Governo.

Em parte como consequência das atividades criminais, militares e de espionagem na internet, o tema do controle da rede ganhou importância na pauta da União Internacional de Telecomunicações. A questão do gerenciamento da infraestrutura básica está sendo contestada na UIT por um grupo de países liderado pela Rússia e China, que querem exercer maior controle da rede em seu território. Brasil e Índia gostaram principalmente da ideia de retirar o controle dos EUA e o caso Snowden pode muito bem ser o empurrão que faltava para motivá-los a defendê-la.

Fonte: Crimes pela Internet

0 comentários:

Postar um comentário

Subscribe to RSS Feed Follow me on Twitter!