sexta-feira, 4 de julho de 2014

Os diferentes departamentos de segurança americanos, como Agência Nacional de Segurança (NSA), Departamento de Defesa e Pentágono, estão constantemente em busca de novas ferramentas que permitam a proteção de dados na rede. Algumas dessas ferramentas, se em mãos erradas, podem se voltar contra esses mesmos ideais e se tornar uma ameaça à segurança de informações.

Foi isso o que aconteceu com o Tor, uma rede que torna anônimo o tráfego de usuários na web, saltando entre diferentes servidores, impossibilitando sua identificação. O projeto foi financiado inicialmente pelo Laboratório de Pesquisa Naval do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, com o objetivo de proteger os trabalhadores da Marinha que estavam fora do país.

O problema é que o Tor se tornou uma ferramenta muito difundida e usada no mundo todo, dessa forma, entrou para a lista negra da NSA que afirma que o serviço é utilizado por “terroristas, criminosos virtuais, [e] traficantes de seres humanos”. Em sua defesa, a NSA afirmou que é normal que agências de segurança tentem neutralizar serviços que permitem esconder a identidade na rede, como informa o site The Verge.

Enquanto a NSA trata o Tor como inimigo, a área militar americana tem investido em novas ferramentas que possibilitem ainda mais anonimato para completar e substituir o Tor, justamente para aumentar a segurança dessas outras agências, que dentro dos Estados Unidos, competem para blindar suas informações, inclusive da própria NSA.

A Agência de Projetos e Pesquisa Avançada de Defesa (DARPA), um laboratório de pesquisa de alta tecnologia do Pentágono, desenvolveu o programa Safer Warfighter Communications há quatro anos, um conjunto de ferramentas que impede lista negra, redirecionamento e filtragem de conteúdo.

Entre os projetos que fazem parte do programa está o Service-Oriented ArchitectureNetcoded for Tactical Anonimate (SONATA). Muitos dos detalhes do projeto são secretos, mas fontes familiarizadas já revelaram que se trata de um concorrente de última geração para o Tor. O programa também conta com uma rede distribuída, mas diferente do Tor, o tráfego do SONATA acontece de forma “mista”, que flui na rede tornando-se difícil de bloquear.

A DARPA ainda investe no projeto Curveball, um sistema de “roteamento chamariz”, desenvolvido pela empresa Raytheon BBN Technologies. A ferramenta engana quem tenta identificá-la, e finge que você está em um site desbloqueado enquanto você navega por um site seguro.

Como o Curveball está incorporado em redes comuns, não seria possível bloqueá-lo sem prejudicar sites de comércio, por exemplo, o que seria inviável para agências de segurança.

O desenvolvimento dessas ferramentas não tem como intenção prejudicar ou ser usado contra a NSA, segundo o diretor de inovação do gabinete de informação da DARPA, Dan Kaufman, mas esses programas precisam ser desenvolvidos para auxiliar as forças especiais americanas e sua segurança interna, afirma ele.

Segundo um porta-voz do Departamento de Defesa é necessário que se invista em tecnologia, mesmo que um dia ela possa ser usada contra o governo americano, sendo que o mais importante é manter a dianteira em soluções tecnológicas. Ele ainda afirmou que a preocupação do Departamento é continuar desenvolvendo essas tecnologias sem a preocupação de que um dia elas cheguem “às mãos dos adversários”.

No momento o Tor não recebe apoio do Pentágono, no entanto recebe financiamento da “Bureau of Democracy, Human Rights and Labor” conhecida como DRL, departamento do Estado americano que defende a liberdade de informação em todo o mundo.

Fonte: Canaltech

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